sexta-feira, 29 de abril de 2011

TEXTO PARA ESTUDO NA FORMAÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL


PREFEITURA  DE VASSOURAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SETOR  PEDAGÓGICO


APRENDIZAGEM


            A aprendizagem é uma função interativa, onde se relacionam o corpo, a psique e a mente. O ser humano faz, sente e pensa, por isso é importante não somente focalizarmos as funções cerebrais e sua relação com os processos cognitivos, mas também entender que cada indivíduo tem sua forma particular de processar as informações, que não depende somente do cérebro, mas também está arraigado no psíquico. A estrutura psíquica é o que chamamos de afetividade.
            O homem quando nasce descobre um mundo que já tem uma organização, normas sociais e uma história. A presença dos outros seres humanos ao seu redor permiti-lhes algumas manifestações simbólicas como a linguagem e o pensamento. Por meio da constante interação com o mundo o indivíduo continua construindo sua aprendizagem e isso envolve uma atividade funcional com sentido e organização. Possuímos uma série de talentos, capacidades e maneiras de aprender. Cada um de nós apóia-se em diferentes sentidos para captar e organizar a informação, para aproximar-nos dos objetos de conhecimento. Chamamos isso de Estilos de Aprendizagem.
            Os três estilos de Aprendizagem mais comuns são:

·        Estilo Visual;

·        Estilo Auditivo;

·        Estilo físico ou sinestésico.

















CARACTERÍSTICAS OBSERVÁVEIS NOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM
ÁREA OBSERVADA
VISUAL
AUDITIVO
SINESTÉSICO
Estilo de aprendizagem
Aprende através da observação.
Aprende através de instruções verbais.
Aprende fazendo. Envolve-se diretamente.
Leitura
Gosta das descrições, desfruta imaginando as cenas. Boa capacidade de concentração.
Desfruta do diálogo. Evita descrições longas. Não se fixa nas ilustrações.
Prefere as histórias nas quais há ação. Movimenta-se enquanto lê. Não é um grande leitor.
Ortografia
Tem boa ortografia porque visualiza a palavra.
Não costuma ter boa ortografia porque escreve a palavra como ouve.
Com freqüência tem má ortografia. Escreve as palavras como sente.
Memória
Gosta de tomar notas, escreve as coisas para recordar. Lembra-se de rostos, mas não de nomes.
Lembra de nomes, mas se esquece dos rostos. Retém por repetição.
Recorda mais o que fez e não o que viu ou falou.
Imaginação
Pensa em imagens, visualiza detalhes. Muito imaginativo.
Pensa em sons. Não presta atenção aos detalhes.
As imagens não são tão importantes.
Nível de concentração
Não toma conhecimento dos sons. Distrai-se quando há desordem visual ou movimento.
Distrai-se muito facilmente com os sons.
Não presta atenção às apresentações visuais e auditivas.
Resolução de problemas
Planeja antecipadamente, organiza seus pensamentos escrevendo-os
Fala dos seus problemas. Coloca possíveis soluções oralmente.
Impulsivo. Com freqüência escolhe a solução que envolve maior atividade física.
Resposta a períodos de inatividade
Olha ao redor, examina a situação.
Fala consigo mesmo ou com os outros.
Experimenta fazer as coisas: toca, manipula, sente.
Resposta a novas situações
Olha ao redor, examina a situação.
Fala sobre a nova situação, sobre o que deve fazer.
Experimenta fazer as coisas: toca, manipula, sente.
Aspecto emocional
Chora com facilidade. Sua expressão facial indica claramente suas emoções.
Explode verbalmente quando sente alegria ou raiva, porém se acalma em seguida. Expressa suas emoções verbalmente e através de mudanças no tom e volume da voz.
Pula quando está contente; abraça, empurra e puxa para demonstrar sua alegria.
Comunicação
Bastante calado. Descreve na forma concreta. Pode ficar impaciente se tem que escutar por um longo período.
Gosta de ouvir os outros, porém não reprime a vontade de falar. Suas descrições são longas e um tanto repetitivas.
Faz gestos ao falar. Não presta atenção. Perde rapidamente o interesse nos discursos verbais longos.
Extraído de Barbe, W., Swassing, R, Milone, N. M., Teaching Through Modality Strenghts: concepts and Pratices. Zaner-Bloser Inc:





  FATORES PSICOSSOCIAIS NA APRENDIZAGEM

            Na aprendizagem o sujeito é compreendido na sua totalidade. Aprende a partir do seu corpo, suas emoções, a partir da sua capacidade intelectual e do seu esquema referencial. Ao aprender o sujeito descobre a si mesmo ao distinguir-se como um EU diferente dos demais e do mundo. Portanto, há uma aprendizagem da realidade interagindo com a aprendizagem de si mesmo.
            O ser humano vem ao mundo fazendo parte de uma estrutura familiar e com um lugar designado dentro dela. A interação com o mundo ocorre primeiramente por meio do vínculo com a mãe. A mãe por meio de seus cuidados ajuda a criança a formar o primeiro EU o EU corporal. Esta relação de amor é a que permite à criança, depois, deslocar para a realidade seu impulso para os elementos que deseja explorar. Para que isso aconteça, a mãe deve afastar-se paulatinamente, o que provoca na criança angústia e frustração e, assim, a criança deve buscar novos meios de satisfação. Um dos caminhos é a aprendizagem.
            A aprendizagem é uma relação vincular. Isso implica que existem dois termos: sujeito e objeto. Quando falamos do objeto nos referimos a tudo o que é conhecido como NÃO-EU. O objeto adquire significado na consciência mediante as relações e a possibilidade de categorizá-lo para que este seja compreensível. No vínculo com a mãe, a criança estrutura suas capacidades individuais e também sua atitude frente ao mundo e, portanto, frente à aprendizagem.
            É muito importante entender que a aprendizagem caminha unida ao crescimento, ir deixando, pouco a pouco, a dependência para chegar a ser independente. Nesse processo a criança deve ser capaz de transferir seus afetos para fora do núcleo familiar e encontrar outros modelos de identificação com seus colegas e professores. Também, a partir da família, deve dar o espaço para a aceitação do crescimento já que este é o caminho para que ocorra a socialização dos processos do pensamento e dos mecanismos de contato com a realidade. A família, com sua atitude, pode permitir que o erro seja admissível ou pode transformá-lo em medo do fracasso. O mesmo pode suceder com a escola.
            A possibilidade de aprender depende do processo de individualização. Quer dizer, do nascimento psicológico do ser humano, que quando pode aprender por meio de suas sensações e dos seus sentimentos passa do plano da ação para o plano da simbolização. O sujeito pode refletir sobre o que sente e pensa. O educador, a partir de sua função, pode ajudá-lo a colocar em palavras sentimentos e sensações e deve cuidar para que o aluno estabeleça um vínculo saudável com o objeto da aprendizagem.




O PROFESSOR:

            A intervenção pedagógica para a construção individual do conhecimento é necessária. É por meio dessa ajuda que o professor acompanha o aluno para construir significados e dar sentido ao que aprende. O verdadeiro formador do processo de conhecimento é o aluno, é ele quem vai construir os significados. A função do professor é ajudá-lo nessa tarefa.
            O professor tem um lugar importante na construção da aprendizagem. As atividades que ele realiza ajudarão na maturação do sistema nervoso central e na estruturação psíquica e cognitiva para que funcionem de acordo com as exigências do meio. A importância do professor que orienta os estudantes é muito grande. Ele tem que saber como as atividades que realiza com as crianças favorecem a sua maturidade. Por isso um estudante não só deve saber o que fazer, mas também para que está fazendo.
            Nesse processo que o aluno realiza ao construir o seu conhecimento, os progressos se misturam com as dificuldades, bloqueios e inclusive, ás vezes com os retrocessos. É muito importante compreender como as atividades favorecem o desenvolvimento de determinadas funções. Também é importante compreender que quanto mais cedo as intervenções forem feitas, maiores serão as possibilidades de compensar, reparar ou modificar as conexões cerebrais e seu funcionamento.

O PROFESSOR DEVE:

1- Ensinar a pensar:
            Desenvolver no aluno um conjunto de habilidades cognitivas que permita a eles otimizar seus processos de raciocínio.

2- Ensiná-los sobre o pensar:
            Motivar os alunos a tomar consciência dos seus próprios processos e estratégias mentais (metacognição) para poder controlá-los e modificá-los (autonomia), melhorando o rendimento e a eficácia na aprendizagem.

3- Ensiná-los sobre a base do pensar:
            Incorporar objetivos de aprendizagem relativos às habilidades cognitivas dentro do currículo escolar.

PLANOS E PROGRAMAS:

                Como o conhecimento é construído socialmente, é conveniente que os planos e programas de estudo sejam projetados levando isso em consideração. Se o conhecimento é construído através da experiência é importante introduzir nos processos educativos experiências significativas. O ensino deve ser situado num ambiente real.
            A aprendizagem é um processo interativo no qual se experimenta, busca-se soluções: a informação é importante, porém, mais importante ainda é a forma pela qual é apresentada e a função que desempenha a experiência da pessoa que aprende. A busca, a pesquisa e a exploração desempenham um papel muito importante na construção dos conhecimentos.
            O projeto e o planejamento de ensino deveriam dar atenção a sete importantes aspectos:
a) Os conteúdos de ensino: Devem ser significativos, não somente que sejam relevantes e tenham uma organização clara, mas sim que seja possível assimilá-los, ou seja, que exista uma estrutura cognitiva por parte de quem aprende e que existam elementos relacionáveis na sua estrutura, com o material de aprendizagem.
b) Os métodos e estratégias de ensino: Devem oferecer aos alunos a possibilidade de adquirir o conhecimento e de praticá-lo num contexto de uso o mais realista possível.
c) A sequência dos conteúdos: Geralmente é importante que, para que a aprendizagem seja significativa, começar pelos aspectos mais gerais e simples para depois ir introduzindo progressivamente os conteúdos mais detalhados e complexos.
d) A organização social: É importante estimular adequadamente as relações entre os alunos, sobretudo as relações de cooperação e colaboração.
e) Intencionalidade: Refere-se à intenção por parte do professor de comunicar o que se quer transmitir.
f) Reciprocidade: Ocorre uma aprendizagem mais efetiva quando existe um laço de comunicação forte entre quem aprende e o professor.
g) Transcendência: Quando o aluno vai além de uma situação de aqui e agora e pode relacionar experiências, antecipar situações, tomar decisões conforme o que tenha vivenciando anteriormente e aplicar o conhecimento a outras problemáticas sem a necessidade da ação direta do professor.
            As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem merecem todo o esforço dos profissionais que as orientam. Estes devem ter ferramentas eficazes para estimular essas crianças. É importante que todos esses profissionais descrevam, compreendam e expliquem essas dificuldades para guiá-las e ajudá-las a ter uma melhor qualidade de vida.


Dificuldades de Aprendizagem
 Detecção e Estratégias de Ajuda
Editora Grupo Cultural
www.grupocultural.com

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